O que nos diz o Data-Folha?

28 fevereiro 2010


A pesquisa de intenções de voto do DataFolha mostra que a distância entre os dois principais concorrentes ( Dilma Rousseff e José Serra ) diminuiu para quatro pontos.
Ainda não se configura empate e nem reflete o cenário real da disputa, pois Ciro ainda é colocado nas perguntas.
Se persistir a inclusão do nome de Ciro nos próximos levantamentos, não seria absurdo imaginar que o poste Dilma ultrapasse Serra nas próximas pesquisas.
Projeções em circulação dentro dos dois partidos, dizem que ela tem potencial para chegar aos 38%.
Porém o percentual de Serra sem Ciro, pode ser 40% contra 28% do Poste, se considerarmos a margem de erro ( 2%), o que permitiria que Serra ganhasse ainda no primeiro turno, já que Marina, levando-se em conta a margem de erro, poderia ter 8%.
O crescimento do poste Dilma é real. Dá mais consistência à sua candidatura e joga por terra as pretensões do boquirroto Ciro Gomes.
Porém, os níveis históricos de votação em candidatos petistas ( 31 a 32% ), ainda não foi atingido pela candidata ( 28% na pesquisa divulgada ).
Não concordo com as afirmações de alguns, que esta eleição seria fácil devido ao Recall de Serra.
O reconhecimento da população ao trabalho e ao histórico de Serra é importante?
Claro que sim.
Isso lhe dá, sem sombra de dúvidas, reais condições de vencer a disputa. Aliás, diria mais, é o único em condições de vencer a quadrilha.
Outro fato que se deve levar em consideração, é a perspectiva de mudanças que a pesquisa Ibope refletiu.
Apenas 37% dos pesquisados não desejam nenhuma mudança. O restante se divide em mudanças pontuais.
Serra pode, de forma hábil, propor mudanças.
Pontos a serem destacados numa possível campanha de Serra, isso também se reflete nas pesquisas, é o nível de insatisfação com a corrupção no governo Lula, com a saúde que para muitos piorou e esta era a marca da atuação de Serra no Ministério da Saúde, a política externa do governo, exercida de modo desastrado e, sem dúvida alguma, o despreparo da candidata.
Serra, oficialmente e, quiçá, nem oficiosamente, ainda não se declarou candidato.
Até aqui, achei sua atitude correta. A partir de agora, prolongar é suicídio.
O que pode explicar, possivelmente, sua queda na pesquisa divulgada.
O que não entendi muito bem, foi o nível de crescimento de rejeição ao candidato ( de 19 para 25%).
Talvez a exploração política dos temporais em São Paulo possa explicar.
O crescimento do poste, deve refletir sobre o comportamento de todos os envolvidos neste cenário.
Ciro, perde seu principal argumento. Como Ciro muda de opinião como Minc muda de colete, pode ser que agora seu argumento seja o de que ele leva a polarização inevitavelmente para um segundo turno.
Mas não lhe resta outra alternativa que a de disputar o governo de São Paulo e torcer pela vitória do Poste para obter um carguinho lá na frente. Ou será que ele acredita que seu partido, com a viabilidade da candidatura do poste, vá abrir mão do apoio incondicional à candidata?
Quanto à Aécio, fica patente sua importância nesta campanha.
Se aceitar ser vice de Serra, muda todo o quadro, principalmente com a saída de Ciro da disputa o que, hoje, é certeza absoluta.
Aécio, segundo informações que obtive, vai para o “sacrifício” até por que suas chances de se eleger senador por Minas também parece ameaçada pelo intrincado jogo que o governo está armando sob suas barbas.
Aécio, em Minas, terá que fazer a sua campanha e ainda tentar arrastar o tal Anastácia.
Convenhamos que é uma mala arrumada para uma longa viagem.
Como vice, sua atuação ganhará uma outra dimensão.
Livre para atuar, Aécio poderá se escorar em sua alta popularidade, nos índices de intenção de voto de Serra em seu estado e ainda ajudar a sua maleta de viagem.
A campanha, como se vê, promete ser dura.
Como a característica da quadrilha, é agir como quadrilha, preparem-se.
Vem chumbo de grosso calibre por aí.
Ainda acredito que, começada para valer a campanha, este quadro se altere e ofereça a Serra a chance de vitória em primeiro turno.
Mas tem que colocar a faca entre os dentes e partir para a briga que promete ser feia e de baixo nível.

 
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